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​GIANNI PATUZZI  

1959-74: a arte como trabalho coletivo

Gianni Patuzzi (Turin, 1962)
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Gianni Patuzzi (Turin, 1962)
Painel decorativo (NP2, 1966)
Painel decorativo (NP2, 1966)
Painel decorativo (NP2, 1966)
Painel decorativo (NP2, 1966)
Painel escultural (NP2 1973)
Painel em latão (NP2)
Painel em zinco (NP2 1971)
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Incisione M20 (NP2)
Painéis em zinco (NP2) Ville Sayer
Painel em alto relevo (NP2 1970)
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Tavolo scultura C10 T (NP2 1970)
Elemento luminoso C3 104 (NP2 1970)
Elemento luminoso C3 104 (NP2 1970)
Elemento luminoso (NP2 1970 ca)
Fusione C14 (NP2 1970 ca)
Giustizia alata (NP2 1969)
Giustizia alata (NP2 1969)
Giustizia alata (NP2 1969)
Murale Parlamento Europeo (NP2 1972)
Murale Parlamento Europeo (NP2 1972)
Murale Parlamento Europeo (NP2 1972)
Murale Parlamento Europeo (NP2 1972)
Murale Parlamento Europeo (NP2 1972)
Murale Parlamento Europeo (NP2 1972)

 

Em 1959 Gianni Patuzzi se transferiu para Turin como diretor artístico do estúdio gráfico e publicitário Editoriale Landó e naquela cidade diversificou os contatos com artistas, arquitetos e técnicos, iniciando uma fase de experimentação com todos os materiais. Em Turin reencontrou um antigo colega do liceu artístico, Nerone Ceccarelli, com o qual, em 1962, fundou o grupo NP2 (Nerone e Patuzzi).

 

O debate intelectual no norte da Itália era então permeado pela crítica materialista aos grandes temas da cultura e da arte hegemônicos no entre-guerras, como o neoclassicismo e o patriotismo fascistas, aos quais contrapunham-se a reprodutibilidade da obra de arte propugnada por Walter Benjamin e a ação do artista entendido como intelectual orgânico gramsciano. Naquele contexto, ser contemporâneo significava inserir a operação estética na tecnologia da informação e da cultura de massa e enfrentar, de forma nova, problemas cruciais tais quais a autoria, o contato com o público e com o mercado consumidor.

 

A resposta imediata a esta “crise da arte” elaborada por Patuzzi e outros artistas de sua geração era direcionada no sentido de produzir obras impessoais e, para isso, formar grupos nos quais cada indivíduo contribuisse com experiências diversificadas, mas operasse em direção a um mesmo horizonte propositivo. Esse era o ideal que embasava a montagem do grupo NP2, inaugurando uma colaboração intensa de mais de uma década entre os dois artistas, voltados para produzir obras com autoria coletiva.

 

Patuzzi e Nerone montam em um grande galpão na periferia de Turin uma verdadeira oficina artística contemporânea onde utilizavam todos os recursos da moderna tecnologia - acido, maçarico, solda elétrica – e materiais que poderiam ter tratamento artístico a nível industrial e serem inseridos na arquitetura moderna - concreto, aço, mármore e zinco, entre outros. No NP2, “o atelier torna-se laboratório e oficina, e o artista não se limita mais a colaborar com a indústria (segundo o modelo clássico do empenho tecnológico e cívico do entreguerras), mas enfrenta ele próprio, em primeira pessoa, com a equipe de seus colaboradores, os problemas de uma produção (...) quantificada. A qualidade de sua obra não depende apenas do rigor do enquadramento e do vigor de sua inventividade, mas também da quantidade e extensão de sua presença no tecido ambiental e urbanístico privado e público, e em última análise pela massa das pessoas envolvidas na fruição” (Lucio Cabutti).

 

O desafio, além da autoria coletiva, era o de projetar e multiplicar a experiência artística no campo ilimitado da vida quotidiana, democratizando a fruição da obra de arte, em espaços alternativos aos dos museus e galerias. É por isso que o NP2 nasceu como um “grupo aberto onde o artista colabora com o arquiteto ou com o engenheiro ou com o público da obra (ou a maior parte das vezes com todos ao mesmo tempo). E, quase naturalmente, enquanto o artista sofre algumas de suas limitações devido ao respeito pela funcionalidade, o projetista vive da poesia do artista, de modo que, no final do projeto, os papeis perdem as suas peculiares identidades” (Toni Ferrari).

 

Desta colaboração entre arte e arquitetura nasceram as propostas  para revestimentos de exteriores e interiores: portas, divisórias para habitações privadas, painéis decorativos, entre outras. Esta produção foi integrada, muitas vezes a grandes projetos, como os do arquiteto Marcel Breuer em França, de Roger Vanhevel e Meekels na Bélgica ou para os aposentos da residência imperial da princesa Adhraf Pahlavi, irmã do Xá da Pérsia. A intervenção no espaço arquiotetônico também se traduziu em murais para espaços coletivos, como bancos, aeroportos, hotéis e igrejas. Mas, indubitavelmente, o renome internacional do grupo NP2 deveu-se às grandes obras de arte para o espaço público, como o grande mural em zinco gravado instalado no Salão do Hemiciclo do Parlamento Europeu (Luxemburgo, 1973) e o monumento de 21 metros de altura em aço cortem para o Palácio da Justíça (Saluzzo, 1971). 

 

Em 1969, Patuzzi e Nerone receberam o Niveau du Bronze na Exposição Internacional de Batimat, pelas pesquisas de novos tratamentos artísticos em grande escala no mármore e no concreto, criando máquinas industriais para realizá-los. Dois anos depois receberam o Prestige du Monde pelo Comitê Mundial da Arte em Paris por suas esculturas.

 

Ao mesmo tempo em que obtinha renome pelas esculturas de grande porte, o NP2 avançava também no sentido de produzir obras em série que poderiam ser adquiridas diretamente pelo público. É o projeto Multipli, em cujas raízes ecoavam as experiências de Moholy Nagy na Bauhaus nos anos vinte, a célebre polêmica dos Rotoreliefs de Marcel Duchamps (1935), os Originaux Multiples expostos por Fautrier (1950) mas, sobretudo, a primeira edição, em Colônia, do MAT (Multiplicação de Arte Transformável), com obras de Burf, Duchamps e Tinguelly entre outros, todas em cem exemplares numerados e assinados.

 

Nas palavras de Piero Ceccarelli, com os Multipli Patuzzi havia alcançado uma “(...) produtividade de alto potencial de ruptura e renovação (...). De fato o valor da obra de arte não reside em sua unicidade e raridade de exemplar físico, mas na originalidade e logo unicidade de proposta expressiva. E esta será conservada (...) se no procedimento de execução não intervêm fatores que alterem a estrutura formativa. Não se tratará então de reproduções mais ou menos fiéis de um modelo, mas de um único processo formativo que da origem a uma série de objetos (...) nos quais a quantidade não determina diferenças expressivas ou qualitativas”.

 

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